O Gabinete de Intervenção na Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá divulgou nesta quarta-feira (04) o primeiro Boletim Informativo referente às primeiras ações determinadas pelo interventor, Hugo Fellipe Martins de Lima, à frente da pasta. Entre os pontos elencados, chama a atenção o fato de o número de contratações temporárias ter tido um salto de 115%.
“Apesar da precariedade na prestação do serviço ao cidadão, é emblemática a constatação de que, no período de 06 anos, houve um aumento de 115% no número de contratados temporários na saúde, saltando de 2.075 para 4.452 (dados do Portal da Transparência da Prefeitura de Cuiabá). No mesmo período, entretanto, a população cuiabana cresceu 10,1%”, ressalta o documento.
Ao todo, foram 2.377 contratações feitas por meio de contrato, ao invés da realização de concurso público.
“Considerando que cada equipe de saúde da família é responsável pelo cuidado de, em média, 4.500 pessoas, pode-se afirmar que possuímos 139.500 cidadãos cuiabanos desassistidos”, avança o documento.
Após análise da situação em unidades de saúde, a equipe do Gabinete de Intervenção identificou falta de medicamentos de uso contínuo, falta de material para realização de curativos simples e até mesmo para administração de medicação endovenosa. Além disso, destaca o documento que não há “sequer soro fisiológico para realização de cuidados básicos como lavagem oftalmológica, odontológica, curativos e infusões venosas para tratamento de urgências na atenção primária”.
A situação financeira da pasta é considerada “caótica”. As dívidas somam mais de R$ 356 milhões e o dinheiro em caixa é algo em torno de R$ 5,6 milhões. O interventor determinou que seja priorizado o pagamento da folha de pessoal.
A intervenção no sistema público de saúde teve início no dia 29 de dezembro, após decisão do desembargador Orlando Perri, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), determinando que o Governo do Estado assumisse a gestão da pasta. O pedido foi feito pelo Ministério Público que denunciou o sistema de saúde da Capital “colapsou” e está em “calamidade pública”.