Um momento que deveria ser de felicidade acabou se tornando um pesadelo para a jovem Gleice Kelly, 24 anos. Grávida de 39 semanas, ela foi até um hospital em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio de Janeiro, com o objetivo de dar à luz. Entretanto, acabou tendo uma das mãos e um dos punhos amputados. O caso ocorreu em outubro do ano passado.
De acordo com informações do portal G1, Gleice deu entrada no Hospital da Mulher Intermédica de Jacarepaguá no dia 9. O nascimento do bebê ocorreu no dia seguinte; porém, a jovem mãe não pôde aproveitar os primeiros contatos com o filho, pois sofreu uma hemorragia logo após o parto.
A fim de reverter o sangramento, os médicos criaram um acesso venoso em sua mão esquerda para que recebesse a medicação. Contudo, a situação saiu de controle, e sua mão começou a necrosar.
– A Gleice Kelly entrou na mesa de parto para ter o terceiro filho, de parto normal e foi um sucesso, a criança nasceu saudável, mas ela teve um sangramento, uma hemorragia que não conseguiam cessar. Então fizeram um acesso venoso e começaram a colocar bastante medicação ali para tentar conter a hemorragia. Só que o que a gente entende é que esse acesso saiu da veia dela e começou a inchar a mão, trazer dores e inchaço, e ficou vermelho – contou a advogada de Gleice, Monalisa Gagno, segundo informações do Jornal O Dia.
AMPUTAÇÃO
Diante da piora do quadro, Gleice foi encaminhada a outro hospital da rede, localizado em São Gonçalo, Região Metropolitana do RJ. A notícia de que o membro da paciente teria de ser amputado veio três dias depois do parto.
Segundo a mãe da jovem, Kelly Cristina dos Santos, os médicos informaram que as chances de sobrevivência seriam pequenas caso o procedimento não fosse realizado.
– A porcentagem seria mínima dela sobreviver. Seria 95% de não ter a mão, deles terem que amputar, e de 5% de reverter o caso. Mas, infelizmente, esses 95% venceram – explicou Cristina.
A paciente passou 17 dias internada, e a advogada destaca que houve falta de informações e de assistência do hospital.
– Até hoje a gente não tem nenhum contato do hospital, nenhuma resposta sobre o que de fato aconteceu. Não houve nenhuma apuração, ninguém explicou pra família, nem no momento e nem antes da cirurgia. Em nenhum momento houve alguma explicação por parte deles e dos médicos que a atenderam sobre o que aconteceu tanto com a hemorragia, quanto à perda do membro – assinalou Monalisa.
“ESTOU ME REFAZENDO”, DIZ A VÍTIMA
Abalada com a situação, Gleice Kelly afirma sentir como se tivesse sofrido “um aborto”.
– Eu perdi a oportunidade de ver meu filho nos primeiros dias. De amamentar. Meu peito ficou produzindo leite por três dias, mas é como se eu tivesse tido um aborto. (…) Não posso dar banho no meu neném. Não pude amamentar o meu neném. Tem certas coisas que eu não posso fazer com ele, que eu já tinha feito com os meus dois outros filhos – desabafou.
A vítima explica que está vivendo um “recomeço” e busca reinventar a si mesma em meio à tragédia.
– Para mim, está sendo um recomeço. Porque eu estou me refazendo. Eu tive a minha mão por 24 anos. Fui apenas ganhar um bebê e voltar sem ela, para mim, foi um pouco estranho. Para qualquer pessoa – refletiu.
O caso foi registrado na 41ª DP (Tanque), como lesão corporal culposa e está sendo investigado com base em depoimento de testemunhas e documentos hospitalares.
O QUE DIZ O HOSPITAL
O Hospital da Mulher Intermédica de Jacarepaguá emitiu uma nota em contato com à TV Globo, afirmando lamentar “profundamente o ocorrido”. A unidade de saúde ainda alegou estar empenhada em “apurar com toda seriedade, transparência e atenção os procedimentos médicos e hospitalares adotados durante seu atendimento”, solicitando ao “Comitê de Ética Médico a coordenação desses trabalhos”.
– Independente de tal apuração, o hospital vem mantendo contato com a paciente e seus representantes para prestar todo acolhimento possível e atender suas necessidades, assim como se mantem à disposição para que todos os esclarecimentos necessários sejam realizados – concluiu.