O delegado Marcel Oliveira, da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), responsável pelas investigações do duplo homicídio de Thays Machado e o namorado dela, Willian Moreno, em Cuiabá, detalhou como o esquema usado pelo empresário Carlinhos Bezerra para fazer o monitoramento de todos os passos da vítima.
Thays Machado e Willian Moreno foram mortos a tiros no dia 18 de janeiro deste ano, na porta do prédio onde mora a mãe de Thays, no bairro Consil, em Cuiabá.
Conforme o delegado, Carlinhos mantinha em um caderno diversos prints das localizações por onde Thays andava. Ele ligava para a mulher, questionava o que estava fazendo e, se a localização batesse, ele anotava.
“Encontramos 71 prints de localizações onde a vítima passava. Uma vez o programa instalado, passava os dados para o aparelho celular dele e ele imprimia essas geolocalizações com os principais locais que a vítima frequentava”, disse Marcel
“Os colégios que ela estava, na época, procurando para realizar matrícula da filha dela, diversas clínicas veterinárias, porque ela criava cachorros Golden. Inclusive, em diversas dessas anotações, ele fazia links”, acrescentou.
Além disso, o empresário monitorava com quem ela conversava. Como os dois ainda estavam em um relacionamento de idas e voltas, ele pegava o celular da vítima, tirava fotos dos contatos e das últimas ligações e, em alguns casos, retornava a chamada para descobrir quem era e o que queria com Thays.
Na lista, havia um sumário com divisão por cor, com os contatos das pessoas e relacionamentos delas com a vítima. “Ele tinha um sumário: de cor laranja era trabalho, prestador de serviço. As azuis eram homens e em rosa eram mulheres. Se ele via que era mulher, dava menos importância, não fazia anotações”, explica.
“Ele marcava detalhes, [por exemplo]: 'liguei, falou que não conhece a Thays'. Adicionava a pessoa no WhatsApp, via se tinha foto, alguma característica, e fazia anotações ao lado: 'tem uma tatuagem no braço'”, salienta o delegado.
Esse esquema sofisticado de perseguição teria sido implantado a partir de setembro de 2021, de acordo com o delegado, que ainda classificou isso como uma ‘obsessão’ de Carlinhos. “Era obsessão de caráter frenético. De perseguir os passos de forma incessante, procurar saber todos os locais, pessoas que acompanham”, concluiu.
Caso o Tribunal de Justiça acate a denúncia, ele se torna réu e será julgado.