28/04/2023 às 10h27min - Atualizada em 28/04/2023 às 10h27min

Amigos desmentem policial civil e confirmam desconfiança antes de homicídio de cabo da PM

Da Redação
PortalJVC
Reprodução

Amigos do policial civil Mário Wilson Vieira da Silva Gonçalves, que matou com 9 tiros o cabo da Polícia Militar Thiago Ruiz, na madrugada desta quinta-feira (27), desmentiram a versão dele de que não houve “estranhamento” com a vítima e que também não duvidou que era Policial Militar. Walfredo Raimundo e Gilson Vasconcelos afirmaram em seus depoimentos que Mário, desde o início, se mostrou desconfiado de Thiago, acreditando que ele não era PM.

À Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) Mário negou que se “estranhou” com o PM, que teria menosprezado ele ou que duvidou que Thiago fosse policial. Após ter tomado a arma do cabo, sem explicar o motivo disso, ele confirmou que os dois brigaram e ficou com medo de morrer quando o revólver de Thiago foi tomada de sua mão. Ele disse que imaginou que o PM estava com a arma.  

O policial civil Walfredo Raimundo Adorno Moura Junior explicou à Polícia Civil que era amigo de Thiago há cerca de 5 meses e conhecia Mário por ser investigador de polícia. Ele contestou Mário e disse que quando apresentou os dois na conveniência houve sim uma desavença, sendo que o policial civil teria dito “você não é polícia bosta nenhuma”.  

A testemunha afirmou que tentou apaziguar dizendo “para, para, que isso Mário”. Ele ainda teria dito “oh, pare com isso, vocês dois são polícia, são dois bostas”. Depois disso ele foi para fora da conveniência, acreditando que estava tudo resolvido.   Momentos depois ele olhou para dentro e viu que os dois brigavam. Ele rapidamente entrou e viu Thiago dando um “mata leão” em Mario, pois tinha sido desarmado pelo policial civil.  

Walfredo então teria gritado para que parassem, tentou retirar o braço de Thiago do pescoço do suspeito e então ouviu os disparos efetuados por Mário. A testemunha se afastou e viu o policial civil dando mais tiros no PM.  

Ele ainda disse que Thiago, baleado, tentou correr do local, mas Mário continuou atirando contra ele. A vítima caiu em uma esquina e Walfredo e um amigo o levaram para o hospital.  

Foi ele quem entregou a arma da vítima à Polícia Militar. Ele reforçou que Mario e Thiago não se conheciam e disse que no momento em que foram apresentados, inclusive, Thiago estava com distintivo da PM por dentro da camiseta.  

O advogado Gilson Vasconcelos Tibaldi de Amorim Silva, amigo de Mario, acompanhou toda a situação e também foi ouvido pela Polícia Civil ontem (27).  

Assim como Walfredo, ele contestou a versão de Mário, de que os dois policiais não tinham se estranhado, afirmando que percebeu a animosidade assim que foram apresentados.  

Gilson relatou que Mario lhe disse que estava desconfiado que Thiago não era policial, porém não explicou o motivo da desconfiança.  

Também contou que a vítima teria dito “oh, esse cara tá me tirando”, falando de Mário, mas Walfredo teria falado “não, ele é assim mesmo, é o jeito dele”.  

O advogado acreditou que depois disso tudo estava resolvido, pegou uma cerveja para o suspeito e a vítima, e continuaram conversando, contando histórias de polícia.  

Relatou que suspeito e vítima se perguntaram “de que turma você é?” e Thiago contou sua história, comentando depois “inclusive, eu tenho uma cicatriz aqui” e levantou a camiseta. Foi então que viram o revólver calibre 38 na cintura dele.  

O advogado relatou que rapidamente Mário tomou a arma do cabo e disse “vou chamar a Polícia Militar para averiguar sua arma”. A testemunha afirmou que não sabe o motivo que levou Mário a desconfiar do cabo, mas relatou que ele tomou a arma porque desconfiava que Thiago não era policial e poderia estar com arma ilegal.  

Quando os dois começaram a brigar pela posse do revólver de Thiago, Gilson disse que interferiu e conseguiu pegar a arma, ficando com ela em sua mão. Isso teria ocorrido antes de Thiago dar um “mata leão” no policial civil. O advogado disse que saiu de dentro da conveniência e então ouviu os disparos.  

À polícia Gilson ainda afirmou que não viu se a vítima tinha distintivo. Contou que não sabia quanta bebida Mario havia ingerido, mas estava consciente. Afirmou também que Thiago estava “aparentando estar alucinado” e percebeu que ele estava usando cocaína, pois “estava até com o nariz branco”.


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