De acordo com o delegado Rogério Ferreira, titular da Decon, a Polícia Civil estima que pode haver um número bem maior de vítimas do golpista, pois muitas não registraram boletins de ocorrência.
Com os elementos informativos coletados ao longo da investigação, a Decon representou pela prisão preventiva de S.M., deferida pela 7ª Vara Criminal de Cuiabá.
O bacharel estava morando com sua companheira, a mesma que à época em que ele fugiu de Cuiabá o levou até a cidade de Presidente Prudente. A casa onde eles viviam era bastante simples, sem chamar atenção, mas monitorada por câmeras de segurança, de onde ele vigiava a movimentação na rua. Os policiais civis constataram que o local tinha poucos móveis, o casal dormia em colchões no chão.
Como tentativa de se esconder da polícia, S.M.utilizava um nome falso e deixou o cabelo a barba crescerem.
Inquérito
Em março do ano passado, a Delegacia do Consumidor em Cuiabá instaurou investigação para apurar os golpes praticados pelo bacharel, que se passava por advogado de um escritório renomado na Capital para angariar clientes para a pirâmide financeira.
Conforme a investigação apurou, há aproximadamente cinco anos, S.M. passou a informar a interessados que operava como day trader na plataforma Forex, comprando e vendendo dólares e euros. Segundo os depoimentos colhidos e documentos reunidos na investigação, S. dizia que tinha um robô que realizava operações altamente lucrativas e prometia retorno mensal com juros de 5 a 8% ao mês para quem investisse o dinheiro com ele. Há relato de vítima que chegou a aplicar R$ 3 milhões.
A partir dessa época, o golpista passou a receber dinheiro de pessoas de seu círculo de relacionamento, interessadas em investirem razão da promessa de juros mensais. Entre os clientes estavam integrantes de uma loja maçônica de Cuiabá à qual ele pertencia e foi, posteriormente à descoberta dos golpes, expulso.
Segundo a apuração realizada pela Decon, o investigado efetuou os pagamentos de forma regular dos valores aplicados até o mês de dezembro de 2021.
A partir de janeiro de 2022, ele deixou de pagar seus clientes sob a alegação de que não estava conseguindo repatriar o dinheiro por uma restrição na Receita Federal e multa aplicada pelo fisco nacional. S.M. alegou que a Receita havia lhe aplicado uma multa no valor de R$ 1,5 milhão.
Diante desse suposta multa que sofreu da Receita Federal, alguns clientes do investigado lhe emprestaram o valor para que, então, ele pudesse a repatriar o dinheiro supostamente investido no exterior e assim retomar os pagamentos mensais. Contudo, os investidores descobriram que o golpista não tinham nenhuma pendência com o fisco federal e nem foi multado pelo órgão.
Fuga
A Polícia Civil apurou que na primeira quinzena de março do ano passado, o investigado se hospedou em um resort na região do Lago do Mano, em Chapada dos Guimarães. Na semana seguinte, ele fugiu de Cuiabá, em um veículo Ford Ecosport. A Decon investigou que sua companheira o levou até o interior de São Paulo e o deixou na rodoviária da cidade de Presidente Prudente.
“Ele agiu dessa forma com o objetivo de escapar das pessoas que investiram com ele e que, a essa altura, já estavam conscientes de que ele não pagaria mais os juros mensais prometidos, muito menos devolver os valores investidos”, pontuou o delegado Rogério Ferreira.
Em diligências para intimar o golpista, no ano passado, a equipe de investigação foi ao escritório onde ele trabalhava e na casa onde morava com a companheira. Pessoas ouvidas pela equipe informaram que não tinham notícias do investigado há mais de uma semana e sua companheira declarou que não sabia do paradeiro dele.