23/06/2023 às 10h04min - Atualizada em 23/06/2023 às 10h04min

Caciques “vendem” área do Parque do Xingu para madeireiros desmatarem em MT

Operação da Polícia Federal contra desmatamento ilegal foi deflagrada nessa semana, em Feliz Natal, Nova Ubiratã, Paranatinga e União do Sul.

Redação - Flávia Araújo
Repórter MT
Reprodução

A Polícia Federal concluiu nessa sexta-feira (23) Operação Prepori, que teve o objetivo de combater os crimes de desmatamento, corte seletivo e furto de bem da União no Parque Indígena do Xingu, na região dos municípios de Feliz Natal, Nova Ubiratã, Paranatinga e União do Sul. As investigações constaram a atuação de uma organização criminosa composta por madeireiros locais e alguns líderes indígenas.
 

Mais de 90 agentes da PF e do Ibama participaram da operação, que contou com ainda com o apoio da Funai, Técnicos em Comunicação do Siospe/MT e do Exército Brasileiro. Foram utilizadas 2 aeronaves do Ibama e 1 do Ciopaer.
 

A operação surgiu a partir de inúmeras denúncias de extração ilegal de madeira na região do Entre Rios em Nova Ubiratã em que uma Organização Criminosa composta por madeireiros locais e alguns líderes indígenas estariam auferindo grandes lucros com a atividade ilegal e impondo silêncio à maioria indígena descontente.

 

A ação no território indígena também é uma reivindicação dos próprios caciques e lideranças dos 16 Povos Indígenas do PIX, conforme Carta da 8ª Governança Geral do Território Indígena do Xingu.

 

Peritos da Polícia Federal elaboraram laudos constatando em imagens de satélite a ocorrência de grande número de clareiras de extração recente de madeira em uma área degradada total de cerca de 7,8 mil hectares, madeira essa que em valores conservadores equivale a cerca de R$ 170 milhões.

 

Além disso, também foram constatadas áreas de extensão equivalente com cicatrizes de queimadas, que também possuíam índicos de exploração ilegal de madeira. O prejuízo proveniente da evasão/destruição de recursos florestais somado à degradação ambiental dentro da terra indígena foi valorado em cerca de R$ 1,7 bilhão.
 

Equipes fizeram infiltrações por terra e ar em pontos específicos das terras indígenas indicados por análise de imagens de satélite de altíssima resolução do programa Brasil M.A.I.S. da Polícia Federal e constataram grande número de esplanadas de madeira com grande volume de toras recém abatidas, pátios de desdobramento de lascas e palanques feitos de essências florestais de grande valor como Itaúba, Morcegueira, Cambará e Angico.
 

Durante a operação foram destruídos tratores, maquinários e um caminhão toreiro.
 

Os dados, imagens e trilhas mapeadas integrarão um dossiê sobre a degradação do vale do alto Rio Xingu que reforçará inquérito policial a fim de agregar provas e solicitar a prisão dos autores, bem como a perda de seus bens.
 

Após a ação policial e administrativa no Parque Indígena, as investigações prosseguirão para responsabilizar os financiadores e demais envolvidos na extração ilegal de madeira no território indígena, ação criminosa que provoca grandes danos ao meio ambiente e à população indígena da região, além do desequilíbrio no mercado financeiro.
 

O nome dado à operação se refere ao cacique da etnia Kayabi, que teve atuação destacada e decisiva na pacificação e consolidação da comunidade de povos do Parque Indígena do Xingu.


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