O ex-policial militar Almir Monteiro dos Reis, 49 anos, preso em flagrante pelo feminicídio da advogada Cristiane Castrillon da Fonseca Tirloni, 48 anos, limpou as paredes do próprio quarto, lavou lençóis e tentou esconder provas de que a mulher foi morta dentro de sua casa, no bairro Santa Amália, em Cuiabá. O crime aconteceu na madrugada de sábado para domingo e Almir abandonou o corpo da vítima no Parque das Águas, dentro do carro dela, um Jeep Renegade.
“Ele limpou a casa toda, então a cama ele tirou o edredom, tirou o travesseiro, estava tudo dentro da máquina de lavar, tudo molhado, mas mesmo assim a perícia criminalística, com o luminol, conseguiu rastrear o sangue na cama, o sangue nos móveis”, disse o delegado Ricardo Franco, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
Conforme o delegado, a Polícia Civil chegou em Almir após olhar um aplicativo de rastreio no celular da vítima e ver imagens de câmeras de segurança do Parque das Águas.
Em um primeiro momento, Almir negou que se encontrou com a vítima. Em seguida, assumiu a relação sexual, mas apresentou várias contradições, dizendo que a tinha levado embora. Depois, novamente mudou de versão, dizendo que Cristiane sofreu um acidente e bateu a cabeça em um móvel na casa dele.
“Ele disse que realmente teve relações sexuais com ela, mas ela estava muito alterada, alcoolizada, e que caiu na casa. E quando questionamos porque ele não socorreu, aí ele ficava em silêncio”, explicou.
No entanto, foi realizada perícia no local que comprovou o crime. Como o assassino tentou limpar a cena do crime, deve responder, além de feminicídio, pelo crime de fraude processual.
Segundo o delegado, a possibilidade é de que o próprio Almir bateu a cabeça da vítima em móveis da casa, já que a mulher estava com vários hematomas na parte da frente e de trás do crânio, além de ter sangue na mobília e em quinas.
Também há indícios de violência sexual no corpo da vítima e também no local do crime. “Um crime brutal, um crime bárbaro. Um crime que entra na qualificadora do feminicídio por menosprezar a mulher, discriminação em face feminina. Ele queria o poder. Foi alguma coisa relacionada ali na parte sexual, que não foi consentido, acreditamos (nisso) até pelas provas técnicas, e aí o suspeito veio a cometer o crime brutal”, disse o delegado.
O criminoso levou o corpo da vítima no carro dela e abandonou no Parque das Águas, sentada no banco do carona e usando óculos escuros. Foi ali que o irmão dela a encontrou e a encaminhou para um hospital particular da Capital, onde apenas foi atestado o óbito.
Expulso da PM
Almir Monteiro dos Reis foi expulso da corporação em 2015, após ser comprovado, em processo disciplinar, sua participação na liderança de um assalto a um posto de combustível no bairro Morada do Ouro, em Cuiabá. O assalto aconteceu em 2013, no posto de combustível "Lídergas" e foi registrado por câmeras de sistemas de segurança.
Em abril de 2013, Almir chegou a ser preso pela suspeita de integrar a quadrilha que assaltava postos de combustíveis em Cuiabá e Várzea Grande.
De acordo com as investigações da Polícia Civil, ele havia participado de um roubo a um posto de combustível na rodovia Helder Cândia, conhecida como Estrada da Guia, na entrada de um condomínio de luxo, no dia 23 de janeiro daquele ano. Também participou de um assalto a uma residência no bairro Boa esperança, em 21 de fevereiro de 2013.
Almir Monteiro dos Reis foi absolvido na Justiça por insuficiência de provas. No entanto, a Polícia Militar decidiu demiti-lo, após concluir pela sua participação na quadrilha.