Nova imagens mostram o momento da abordagem da Patrulha Rural da Polícia Militar no Acampamento Renascer, Gleba Mestre I, no município de Jaciara na terça-feira (10). Inicialmente, os militares disseram à imprensa que haviam reagido às tentativas de agressões dos moradores, por isso fizeram isso de tiros com bala de borracha, mas a filmagem mostra algo diferente.
No vídeo um dos moradores registrou a chegada da patrulha, onde um dos militares ao descer da viatura pergunta o que está acontecendo. Os militares afirmam que estão ali porque foram informados que os moradores haviam “invadido terra dos outros”. Um dos moradores disse que não era nada disso e que havia um processo em andamento, em seguida perguntou se os PMs tinham um mandado em mãos para estarem ali.
Após ouvir a pergunta, o mesmo militar, que está com uma máscara preta cobrindo o rosto, diz “é o seguinte, vocês vão desocupar a área ou eu vou tirar vocês”, o morador diz que chamou a imprensa e o militar disse que poderia chamar e até pergunta qual veículo foi chamado e começa a exigir que os moradores saíssem.
Na sequência, ao ver que os moradores não se moviam, o policial disse: “Tão brincando? Eu vou levar preso e os primeiros que vão preso são os que estão filmando” e ordena que os outros PMs prendam os moradores. Nesse momento é possível apenas ouvir os policiais gritando que vão “levar tudo mundo”.
Em outro vídeo, um dos agricultores, que mora no acampamento há 10 anos, mostra a situação que o local ficou, na área onde havia uma cerca foi removida pelos policiais, onde plantava e mantinha cabeças de gado. “Arrancaram a minha cerca só de ruindade. Aqui era onde o meu gado estava, meu gado estava todo solto. Eles levaram tudo.” relatou o morador no vídeo.
Área de grilagem
De acordo com a Comissão Pastoral da Terra Regional Mato Grosso, a região refere-se a um assentamento criado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) em 2004, no qual até hoje as famílias não foram assentadas devido a área estar grilada.
No relatório elaborado em abril de 2023, a Pastoral da Terra destacou que desde janeiro de 2014, há uma sentença da Justiça Federal reconhecendo a propriedade da área pela União, com determinação de reintegração de posse em favor desta.
O relatório ainda expõe que a concretização do assentamento das famílias ainda não ocorreu devido "às decisões do TRF1, na pessoa da Des. Maria do Carmo, em Mandados de Segurança interpostos pelos ocupantes ilegais da área, sendo que um dos MS (nº. 1004673-87.2019.4.01.0000) está concluso há quase 4 (quatro) anos com a magistrada sem nenhuma decisão".
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