Regivaldo Batista Cardoso, marido de Clecy Calvi Cardoso, 46 anos, e pai das meninas Miliani Calvi Cardoso, 19 anos; Manuela Calvi Cardoso, 13; Melissa Calvi Cardoso, 10 anos, conversou com a imprensa pela primeira vez desde que teve a família assassinada pelo pedreiro Gilberto Rodrigues dos Anjos, 32 anos. O crime aconteceu em novembro.
Cleci, Miliane e Manuela foram esfaqueadas no pescoço e estupradas enquanto ainda agonizavam e Melissa foi asfixiada até a morte, na casa onde moravam em Sorriso
Na entrevista, feita pelo SBT Comunidade de Sorriso, Regivaldo aparece desolado.
"Antes eu tinha elas, eu trabalhava por elas, tudo. Hoje você trabalha, não tem família mais. Você não tem objetivo para trabalha mais. Eu vou e volto e não tenho minha casa, não tenho minha esposa, não tenho minhas filhas, que graça tem viver desse jeito? Qual o objetivo de viver desse jeito? Tenho o povo da minha família, minha sogra, mas não é a mesma coisa (sic)."
Antes de descobrir o crime, Regival esperou que as filhas e a esposa retornassem as ligações na segunda-feira, mesmo sentido que algo estava errado.
"Eu pensei na segunda-feira: a Manu vai mandar mensagem que ela está indo para a escola. Todo dia ela me mandava, às vezes na sala de aula, entrando na sala ela me mandava áudio. Aí liguei na escola, perguntei se a Manuela estava lá e escola disse que não. Perguntei da Melissa, mas eu já estava sentindo uma coisa errada, porque quando ela estava se sentindo mal, ela me ligava. Ai eu pensei: tem coisa errada, porque elas iam ter entrado em contato comigo, mas a Melissa também não estava lá".
Depois disso, ele mandou mensagem para a sogra e perguntou se Cleci tinha ido na casa dela, mas ela disse que depois de sexta, não havia falado com a família. Desesperado, Regivaldo ligou para a polícia novamente e a sogra pediu para eles entrarem na casa.
A reportagem mostra o carinho das meninas mais novas com a mãe e registros pessoais da família, como festas de aniversário, vídeos cantando, cartas emocionantes escritas pelas meninas, em entre outras demonstrações de afeto.
"Lá dentro eu vi as marcas de sangue, senti o desespero. Marcas de sangue na porta, elas tentando de alguma forma se salvar, marcas de sangue na janela",comenta Conrado Pavelski Neto, advogado da família e completa."A gente não consegue imaginar o tamanho do esforço que elas fizeram para se salvar. Ele não deu a portunidade da família fazer um velório digno."
Segundo a reportagem, o assassino, que trabalhava na obra ao lado, teve acesso à casa por um andaime que estava montado ao lado do muro. Ele conseguiu atravessar a cerca elétrica e invadir a casa pela janela do banheiro.
Preso em flagrante, Gilberto confessou o crime. Ele disse que entrou na residência pela janela do banheiro e ficou no local do dia 24 de novembro até a madrugada do dia 25, de sexta para sábado. Segundo ele, o alvo era Cleci, mas perdeu o controle após as adolescentes ouvirem os gritos da mãe e tentarem defendê-la. Os corpos só foram encontrados no dia 27 de novembro (segunda-feira), quando familiares estranharam a falta de contato com as vítimas e acionaram a polícia para entrar na residência.
Na época, Regivaldo estava em viagem no Paraná a trabalho e enviou áudios a um amigo, preocupado com o 'sumiço' da família. Ele chegou a pensar que a mulher e as filhas não respondiam porque tinham ficado bravas com ele, porque na sexta-feira Cleci tinha perguntado se ele estava voltando e ele disse que ainda faria mais dois fretes antes de retornar.
"No domingo de noite, tentando novamente, mandei uma mensagem falando que ia mandar a polícia lá, para ver se elas me respondiam. E aí mandei mensagem para o meu amigo, se ele estava em Sorriso."
"Hoje eu morri junto com elas. Esse cara, esse desgraçado, ele acabou com a minha vida também. Me matou junto com elas. Eu vou viver para quê? Qual o motivo que eu tenho para seguir se eu não tenho mais elas?", completou.