23/08/2024 às 16h35min - Atualizada em 23/08/2024 às 16h35min
Mãe de jovem autista ferido com ‘taser’ em abordagem policial em Lucas do Rio Verde pede apuração do caso
Alerta Total MT - Poliana Brandão
Na noite de domingo, 18 de agosto, Maicon Nogueira da Silva, um jovem de 18 anos portador de Transtorno do Espectro Autista (TEA), foi abordado por uma guarnição da Polícia Militar em Lucas do Rio Verde enquanto se deslocava de bicicleta elétrica para o bairro Jardim Amazonas após sair do trabalho. A abordagem ocorreu devido a supostas infrações de trânsito cometidas por Maicon, como invadir a preferencial, exceder a velocidade permitida e não utilizar farol adequado para o período noturno.
De acordo com o boletim de ocorrência, durante a abordagem, Maicon apresentou comportamento alterado, o que levou os policiais a utilizarem uma Taser, arma não letal que aplica choques para imobilizar suspeitos. A mãe do jovem, Francislene Cruz Nogueira, informou que seu filho, ao ser abordado, identificou-se imediatamente como autista, mas sua condição foi ignorada pelos policiais, o que resultou em desconforto e nervosismo exacerbado durante a revista. Maicon acabou passando mal após ser liberado e sentiu dores no corpo, além de ter sido alvo de deboche por parte de um dos policiais.
Inconformada com o ocorrido, Francislene registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil e apresentou uma queixa ao Ministério Público Estadual, pedindo que a conduta dos policiais seja investigada. Ela também compartilhou o caso com a reportagem de CenárioMT, reforçando a necessidade de providências.
Em resposta, o Tenente-Coronel Paulo Secchi, comandante do 13º Batalhão da Polícia Militar, anunciou a abertura de uma sindicância interna para apurar os fatos e investigar a conduta dos policiais envolvidos. Ele explicou que a decisão de utilizar a Taser foi baseada no comportamento alterado e agressivo do jovem durante a abordagem. No entanto, os policiais só foram informados sobre o diagnóstico de autismo após o incidente, o que gerou dúvidas sobre a adequação do uso da arma não letal.
Secchi destacou que o uso da Taser é uma decisão que cabe ao policial no momento da abordagem e que a arma é classificada como não letal, sendo empregada para imobilização em situações necessárias. Ele também mencionou que a guarnição foi acionada devido à forma irregular como o jovem conduzia sua bicicleta, o que representava um risco para ele e para terceiros.
A sindicância interna buscará esclarecer se a ação dos policiais foi apropriada ou se houve algum excesso, assegurando a transparência e a responsabilidade no processo de apuração.