Especialistas ouvidos pelo SBT News afirmam que o governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve estar atento para que uma escalada de violência não seja instaurada na capital federal nos próximos dias.
"De fato o presidente Lula vai ter que ligar o alerta para esse tipo de invasão ao poder público. Não dá mais para ser o 'Lula paz e amor', agora ele vai ter que ser o 'Lula paz e guerra' em alguns momentos, porque ele precisa garantir governabilidade", explica Tiago Valenciano, cientista político da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep).
"Ele tem que mostrar que, hoje, ele é quem é o presidente da República. [...] A preocupação central é que esses manifestantes não querem ouvir o presidente. Vai ter que ser na base da força, infelizmente, para retomar os poderes constituídos. Mas é um pessoal que não quer ouvir, entra por um ouvido, sai pelo outro, eles não dão credibilidade para quem está no governo hoje", pontua.
O presidente Lula assinou um decreto de intervenção federal na segurança do Distrito Federal até 31 de janeiro de 2023, após os ataques em Brasília. De acordo com o chefe do Executivo, o que aconteceu na tarde deste domingo foi uma "barbárie", com vândalos destruindo "o que viram pela frente".
Para Caio Barbosa, doutor em ciência política pela Universidade de São Paulo (USP), a tentativa de golpe foi financiada. "Primeiro de tudo, temos que chamar pelo nome, que é uma tentativa de golpe. Os atos são orquestrados, são financiados, isso está muito claro, e há indícios muito fortes de que houve uma conivência da Secretaria de Segurança Pública do DF", diz.
Anderson Torres, ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro, era secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, mas foi exonerado neste domingo. A Advocacia-Geral da União (AGU) enviou ao STF um pedido de prisão de Torres, que está nos Estados Unidos.
"Como vimos nas imagens, nós temos um efetivo muito pequeno de policiais contra milhares de manifestantes. Há muito o que se investigar sobre o que ocorreu e, certamente, muita gente será responsabilizada", analisa Barbosa.