Quarenta e seis deputados democratas da Câmara dos Estados Unidos pediram nesta 5ª feira (12.jan) que a Casa Branca revogue o visto diplomático concedido ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está no país desde 30 de dezembro.
Em uma carta endereçada ao presidente Joe Biden, os legisladores argumentam que Bolsonaro viajou aos Estados Unidos quando ainda exercia o cargo de presidente da República e pode ter entrado no país com o visto reservado para indivíduos em visitas diplomáticas ou oficiais, conhecido como A-1, o que não se enquadra mais.
"Como ele não é mais o Presidente do Brasil ou atualmente exerce o cargo de oficial brasileiro, solicitamos que você reavalie a sua situação no país para verificar se há base legal para sua estada e revogue qualquer visto diplomático que ele possa possuir", afirma a carta assinada pelos deputados Susan Wild, Chuy Garcia, Gregory Meeks, Ruben Gallego, Joaquin Castro, democrata que defendeu a extradição de Bolsonaro após os ataques em Brasília, entre outros.
O mesmo pedido já havia sido solicitado anteriormente ao governo dos Estados Unidos, que, questionado pelo SBT, afirmou não ter recebido qualquer pedido específico (de extradição) do ex-presidente pelo governo do Brasil.
Na mesma coletiva de imprensa, o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, não comentou especificamente sobre o status do visto do ex-presidente, mas falou, em geral, sobre as regras de visto, e afirmou que pessoas que entram no país com o visto "A", devem deixá-lo em até 30 dias ou solicitar a mudança de situação imigratória caso não esteja mais exercendo atividades oficiais.
Na 2ª feira (9.jan), Bolsonaro afirmou à CNN que planejava ficar em Orlando até o fim de janeiro, mas que deve antecipar a volta ao Brasil. Ele não deu detalhes sobre datas.
Outras medidas
Além do pedido de revogação, os deputados também instam o governo dos Estados Unidos a colaborar com a investigação do Brasil sobre os protestos golpistas registrados em Brasília e pedem, na carta, que o Departamento de Justiça e outras agências federais do país responsabilizem qualquer indivíduo que esteja na Flórida e tenha financiado ou apoiado os crimes violentos de 8 de janeiro.
"Adicionalmente, nós pedimos que o FBI e outras agências de aplicação da lei dos EUA investiguem quaisquer ações que possam ter sido tomadas em solo americano para organizar este ataque ao governo brasileiro." diz a carta.