Em entrevista, o governador Mauro Mendes (União) voltou a defender o Ferrogrão, ferrovia que pretende servir de alternativa para o escoamento da produção agrícola, ligando Mato Grosso ao estado do Pará. Segundo ele, é uma "falácia" a demonização do modal ferroviário como alternativa às rodovias, por onde passam as carretas movidas a combustíveis fósseis.
“Ficam com história aí de que é para proteger o meio ambiente. Não é nada disso! Porque preferem que nós coloquemos lá milhares de carretas, queimando combustível fóssil, queimando borracha, gastando muito mais, tornando mais ineficiente porque diz que lá na chegada, do outro lado do rio, tem uma aldeia indígena e aquilo pode impactar nos índios”, disse.
Para o governador, há interesses econômicos por trás da agenda ambientalista que utiliza a militância ecológica para defender suas próprias bandeiras políticas.
“Gente, pelo amor de Deus, é uma hipocrisia essa discussão que se faz no nosso país quando se usa o meio ambiente. Tem muita gente que usa a frente, a fachada do meio ambiente para proteger interesses econômicos, que estão se escondendo por trás do meio ambiente”, disse Mendes.
O governador aproveitou a conversa para comparar a realidade brasileira com a americana, onde as ferrovias foram construídas como forma de integrar o país e levar desenvolvimento para as regiões menos povoadas, há cerca de 200 anos.
“Um dia desses eu estava assistindo em casa um filme americano, um filme desses lá de Hollywood, da conquista do Oeste americano, que retrata uma realidade de duzentos anos atrás e vai o governo construindo as ferrovias. Governo com o exército americano, construindo as ferrovias para conquistar o Oeste e as cidades vinham sendo feitas atrás. Ou seja, há mais de duzentos anos atrás, os Estados Unidos fez a rodovia chegar no Oeste e até hoje não chegou no Oeste brasileiro ainda”, comparou.
Para Mendes, esse exemplo mostra que no Brasil prevaleceu uma visão equivocada, que levou o modal rodoviário prevalecer em detrimento das ferrovias.
“Isso mostra a visão distorcida, míope, equivocada que nós temos. Aí nós tivemos que construir rodovias, que custam muito mais caro, que a manutenção é cara, que gasta combustível, que gasta pneu, tudo porque nós fomos capturados por alguns interesses de algumas indústrias que não deixaram as ferrovias evoluir no Brasil”, concluiu.